Monday, March 14, 2011

Qual é a melhor tradução para este verso de Isaías 40.22?

Qual é a melhor tradução para este verso de Isaías

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Olá. Queria que voces me ajudassem com este verso aqui de Isaías:
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Isaías 40:22 - hayyoshêbh`al-chugh hâ'ârets veyoshebheyhâ kachaghâbhiym hannotheh khaddoqshâmayim vayyimtâchêm kâ'ohel lâshâbheth.
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Eu queria saber se no texto original (acima) a palavra mais aproximada é "CÍRCULO" ou se é "GLOBO" como diferem nas traduções, quando Isaías faz menção à Deus assentado sobre a [forma da] Terra.
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Obrigado a todos!
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invisível Prof. Fabiano 

Perspectiva Fenomenológica

Compare a BHS com a LXX:

BHS: הַיֹּשֵׁב עַל־חוּג הָאָרֶץ וְיֹשְׁבֶיהָ ךַּחֲגָבִים הַנּוֹטֶה ךַדֹּק שָׁמַיִם וַיִּמְתָּחֵם ךָּאֹהֶל לָשָׁבֶת׃

LXX: ὁ κατέχων τὸν γῦρον τῆς γῆς, καὶ οἱ ἐνοικοῦντες ἐν αὐτῇ ὡς ἀκρίδες, ὁ στήσας ὡς καμάραν τὸν οὐρανὸν καὶ διατείνας ὡς σκηνὴν κατοικεῖν,

Observe como a expressão na LXX traduz a equivalente na BHS. Esta é a primeira e mais antiga interpretação que temos do texto hebraico, como já dissemos algures. Veja como a entenderam os tradutores da LXX:

BHS הַיֹּשֵׁב עַל־חוּג הָאָרֶץ = LXX ὁ κατέχων τὸν γῦρον τῆς γῆς.

Perguntas de Apoio à Pesquisa:

1) De alguma forma, os primeiros tradutores do texto hebraico podem nos ajudar a avançar na busca do sentido de חוּג? Ou seja, como eles traduziram esta palavra para o grego? Resposta: Eles traduziram חוּג por γῦρον na LXX.

2) Que significa esta palavra γῦρον em seus diversos domínios semânticos de ocorrência na LXX?

3) De acordo com os diversos usos de חוּג (ou é hapax legómenon no Tanakh?), quais os sentidos que assume nos textos em que é usada por Isaías (caso ocorra mais de uma vez neste corpus isaiano) e em outros autores no Tanakh?

4) Segundo o texto, qual a perspectiva fenomenológica do narrador? Ou seja, o que ele quer dizer com a expressão הַיֹּשֵׁב עַל־חוּג הָאָרֶץ do ponto de vista da localização daquele que é descrito por este atributo e do narrador que assim o descreve? Trocando em miúdos: Onde está o narrador e o referente atribuído por הַיֹּשֵׁב עַל־חוּג הָאָרֶץ?

Dei o pontapé inicial. Mãos ao trabalho colaboradores ilustres.

Prof. Fabiano Ferreira


invisível Prof. Fabiano 

Interlinear Hebraico de Isaías 40

Como o nosso grande colaborador Otávio compilou na Enciclopédia HAG, há muito material de apoio ali. O leitor é incentivado, por exemplo a consultar o seguinte texto:
http://interlinearbible.org/isaiah/40.htm.


invisível Prof. Fabiano 

Bíblia Hebraica Stuttgartensia



הַיֹּשֵׁב עַל־חוּג הָאָרֶץ וְיֹשְׁבֶיהָ כַּחֲגָבִים הַנֹּוטֶה כַדֹּק שָׁמַיִם וַיִּמְתָּחֵם כָּאֹהֶל לָשָׁבֶת׃

Fonte: http://bhcv.hebrewtanakh.com/isaiah/40.htm


invisível Prof. Fabiano 

Léxico Básico com Números de Strong

הַיֹּשֵׁב֙ 22 hay·yō·šêḇ 22
0 que se assenta 22

5921 עַל־ ‘al-
por cima, por sobre

2329 ח֣וּג ḥūḡ
o círculo de; a abóbada de; a semiesfera que se observa de um lado ao outro da abóbada celeste de; o firmamento celeste

776 הָאָ֔רֶץ hā·’ā·reṣ,
a terra

3427 וְיֹשְׁבֶ֖יהָ wə·yō·šə·ḇe·hā
e os habitantes dela

2284 כַּחֲגָבִ֑ים ka·ḥă·ḡā·ḇîm;
(são) como gafanhotos

5186 הַנֹּוטֶ֤ה han·nō·ṭeh
ele é o que estende

1852 כַדֹּק֙ ḵad·dōq
como uma cortina

8064 שָׁמַ֔יִם šā·ma·yim,
os céus

4969 וַיִּמְתָּחֵ֥ם way·yim·tā·ḥêm
e os desenrola, os espalha

168 כָּאֹ֖הֶל kā·’ō·hel
como uma tenda

3427 לָשָֽׁבֶת׃ lā·šā·ḇeṯ.
para habitação, para habitar, para morar


Hárissa 

Professor, o que são esses números Strong?


invisível Prof. Fabiano 

Definição dos Números de Strong

Os números de Strong, Hárissa, são um sistema de indexação criado pelo Dr. James Strong no seu famosíssimo Léxico Hebraico, Aramaico e Grego de Strong, onde, no AT, as palavras hebraicas e aramaicas são colocadas em ordem alfabética e indexadas aos números naturais: 1, 2, 3, ... Sendo assim, esse sistema também foi aplicado ao NT, onde as palavras do léxico aparem atreladas (ou indexadas) aos números naturais. Como os inventários lexicais do AT e do NT são finitos, subentende-se que há uma última palavra tanto no AT como no NT, de modo que os subconjuntos dos naturais que definem essas respectivas indexações são finitos. ST#(AT) = {1, 2, 3, ..., 8674} e ST#(NT) = {1, 2, 3, ..., 5624}, no NT excluindo a indexação dos sinônimos que se utilizam dos números de 5625 a 5877.

Assim, por exemplo, a primeira e a última palavras que aparecem indexadas no Léxico de Strong são:

PRIMEIRA: 1 אָב (ʾāḇ) - uma raiz; n. m. (nome substantivo masculino)

1) pai de um indivíduo
2) referindo-se a Deus como pai de seu povo
3) cabeça ou fundador de uma casa, grupo, família, ou clã
4) antepassado
4a) avô, antepassados — de uma pessoa
4b) referindo-se ao povo
5) originador ou patrono de uma classe, profissão, ou arte
6) referindo-se ao produtor, gerador (fig.)
7) referindo-se à benevolência e proteção (fig.)
8) termo de respeito e honra
9) governante ou chefe (espec.)

ÚLTIMA: 8674 תַּתְּנַי Tattênay - de origem estrangeira; n. pr. m. (nome próprio masculino)
Tatenai = “dádiva”
1) um governador persa na Síria que se opôs à reconstrução de Jerusalém


invisível Prof. Fabiano 

O mesmo ocorre com o Léxico do NT grego.



PRIMEIRA 1 α a (ál-pha)
de origem hebraica א; TDNT 1:1,*; letra
1) primeira letra do alfabeto Grego
2) Cristo é o Alfa e o Ômega para indicar que ele é o princípio e o fim.


ÚLTIMA 5624 ὠφέλιμος (ōphélimos) - de um forma de 3786; adj
1) lucrativo

STRONG, J. Léxico Hebraico, Aramaico e Grego de Strong (LHAGS). Sociedade Bíblica do Brasil. (2005) - Utilizei aqui a versão eletrônica do LHAGS contida na Biblioteca Digital da Bíblia, um módulo de meu Logos Bible Software 4 Platinum.

Esse sistema de indexação ficou famoso porque o Léxico de Strong originalmente associava a cada palavra do AT da tradução King James (KJV) sua respectiva palavra hebraica e/ou aramaica, e a cada palavra do NT dessa tradução KJV sua respectiva palavra grega. Assim, quando colocadas em ordem alfabética, as palavras inglesas da versão KJ aparecem na concordância exaustiva de Strong indexadas a um determinado número de Strong que leva o estudante mais facilmente ao seu equivalente hebraico e/ou aramaico e/ou grego.

A propósito, um Léxico é um dicionário abreviado de todos vocábulos que ocorrem em determinado corpus de literatura, escola literária ou autor. Assim, aplicando-se este conceito ao AT e NT, teremos que os léxicos do AT e do NT são breves dicionários que contêm presumivelmente todos os itens lexicais dessas obras com breves definições, geralmente associadas aos diversos usos que os escritores fazem desses vocábulos em seus respectivos escritos, como as ilustrações supracitadas.

Pode ir para a Enciclopédia HAG.

Abraços,

Prof. Fabiano Ferreira


invisível Prof. Fabiano 

Perspectiva Fenomenológica - Definição

É o modo de ver do narrador, como ele expressa os fenômenos que observa a partir de sua experiência e cosmovisão, resultando numa descrição dos eventos que forçosamente passam por estes filtros: experiência e cosmovisão. Neste caso específico de Isaías, a descrição é objetiva, uma vez que descreve referentes externos a ele, como o ETERNO e sua posição em relação ao universo criado, da perspectiva fenomenológica, da experiência do narrador e como ele observa o mundo.

Deve-se prestar atenção que buscamos entender o que o narrador está descrevendo e de onde ele experimenta esta percepção e descreve esta relação do ETERNO com o local onde está o narrador. Assim, a perspectiva fenomenológica dos escritores bíblicos favorecem o geocentrismo (que postula a terra como o centro do sistema solar). O posterior sistema heliocêntrico surge mais como uma alternativa que implica numa matriz disciplinar científica que visa a uma simplicação maior na questão da formulação das leis da mecânica, além de derivar de pesquisas e desenvolvimento da ciência (maior precisão na descrição do universo) que em nada desqualificam as descrições fenomenológicas (e não científicas) dos autores bíblicos. Até hoje, por exemplo, da perspectiva de um habitante da terra faz sentido, fenomenologicamente dizendo, ou seja com base em sua experiência, declarar que "o sol nasce e o sol se põe." O idiossincrasismo dos escritos poéticos da Escritura usa e abusa dessa perspectiva fenomenológica. Por exemplo, veja o Salmo 19.1-6:

"1 Os céus proclamam a glória de Deus,
 e o firmamento anuncia as obras das suas mãos.
2 Um dia discursa a outro dia,
 e uma noite revela conhecimento a outra noite.
3 Não há linguagem, nem há palavras,
 e deles não se ouve nenhum som;
4 no entanto, por toda a terra se faz ouvir a sua voz,
 e as suas palavras, até aos confins do mundo.


invisível Prof. Fabiano 

 Aí, pôs uma tenda para o sol,
5 o qual, como noivo que sai dos seus aposentos,
 se regozija como herói, a percorrer o seu caminho.
6 Principia numa extremidade dos céus,
 e até à outra vai o seu percurso;
 e nada refoge ao seu calor.



Isto é só um complemento necessário que ajudará diferenciar uma descrição fenomenológica de uma estritamente científica. Essa falta de qualificação necessária tem levado muitas pessoas a fazerem leituras da Escritura como se fossem tratados científicos. Então, deixa-se de perceber que a ciência, ainda hoje, está numa caminhada contínua e, à medida que novas matrizes disciplinares vão surgindo, surgem descobertas científicas que jamais foram divisadas pelos autores bíblicos. Esses escritores sagrados eram homens de seus próprios tempos e descreviam o mundo pela perspectiva de suas experiências, por suas perspectivas fenomenológicas, pelo seu modo de ver e sentir o mundo. Quanto à revelação divina dada a eles, esta vinha com toda a roupagem da linguagem e da perspectiva fenomenológica de seus autores humanos.

Dentro da ciência isto também é observado. O geocentrismo de Ptolomeu cede lugar ao heliocentrismo de Copérnico. Através dos trabalhos de Brahe e Kepler, Newton propôs uma teoria da gravitação universal mais abrangente, da qual as Leis de Kepler podem ser deduzidas. Mais à frente, Einstein finalmente é levado a uma nova teoria que explicava e corrigia certas pequenas discrepâncias na teoria newtoniana. Toda teoria científica se desenvolve à base de proposições gerais chamadas postulados ou axiomas. A partir destes postulados se podes obter o conjunto das leis matemáticas que relacionam as variáveis físicas.


invisível Prof. Fabiano 

Thomas Kuhn - Matrizes Disciplinares

Matriz Disciplinar seria uma espécie de paradigma, um agrupamento de crenças, pressuposições, axiomas, teorias, valores, padrões de pesquisa e resultados de pesquisa exemplar que provê um arcabouço para o avanço científico dentro de todo um campo de pesquisa.

A cada nova matriz disciplinar que surge, conforme observou Thomas Kuhn em A Estrutura das Revoluções Científicas, novas abordagens são feitas e novos avanços provocados dentro da ciência. Tomando-se a Física como exemplo, a matriz newtoniana cedeu lugar para a matriz relativística especial e geral que, por sua vez, cedeu lugar para a matriz quântica. Na ciência, é impossível pensar em Isaac Newton antecipando totalmente em sua lei da gravitação universal todos os mais amplos resultados de Albert Einstein em sua teoria da relatividade geral, onde ele chega a resultados precisos onde a força gravitacional é forte, por exemplo, enquanto que a teoria de Newton falha nesse caso.

Assim também devemos pensar nos escritores bíblicos, a despeito da Inspiração, como homens de seu tempo usando uma linguagem de seu tempo para transmitir a revelação divina, apesar de esta ter um escopo supratemporal, supracultural e supratópico, ou seja, não se limita em termos de aplicação apenas ao tempo, cultura ou lugares dos escritores sagrados. Portanto, de uma perspectiva hermenêutica, não pense que a Bíblia seja um tratado científico de astronomia, de biologia, de física, ... Deus se restringiu à cosmovisão e aos limites linguísticos e vocabulares dos homens que usou para escrever a Escritura e, apesar de Ele mesmo estar numa esfera atemporal, ele se condicionou à visão espaço-temporal dos homens que usou. Até quando transcendeu esta visão espaço-temporal, permitiu que os elementos constituintes do registro das Escrituras fossem extraídos da esfera de experiência dos que escolheu para a tarefa desse registro. A Escritura era destinada a homens e não para ser um tratado para Deus ler.

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invisível Prof. Fabiano 

Em minha dissertação de mestrado "A Análise de uma Impregnação Mútua entre Teologia e Matemática", eu discuti logo no início a importância da obra de Thomas Kuhn supracitada para justificar minha proposta metodológica. Kuhn observou que as revoluções científicas não são provocadas apenas baseadas nos fatos e na lógica, mas também em tradições, em “paradigmas” ou “matrizes” resultantes de valores compartilhados, de racionalidades e perspectivas que moldam cada uma das disciplinas científicas. Sendo assim, a proposição bombástica de que não existe uma vereda epistemológica superior para a ciência foi provada convincente e exaustivamente por Kuhn. Ele demonstrou que a ciência também, como a teologia, tem seus postulados basilares, seus próprios axiomas, seus pontos de partida que nem sempre são oriundos de fatos e de lógica, mas de valores epistêmicos e de pressuposições metafísicas assumidos, que nem sempre pode justificar. Esta conclusão, forçosamente, descarta o mito de superioridade da abordagem epistemológica da ciência sobre a teologia. Tanto a ciência como a teologia têm seus axiomas, que servem para a construção de seus sistemas.

ISTO DESESTRUTURA A CONSISTÊNCIA DE UM CHAVÃO POPULAR QUE ASSEVERA QUE "O INSTRUMENTO DA VERDADE CIENTÍFICA É O EXPERIMENTO".


invisível Prof. Fabiano 

Kuhn sabiamente observou em suas pesquisas de filosofia da ciência que nem sempre a pesquisa científica parte do experimento para anunciar suas "verdades científicas", ou seja, as revoluções científicas não são provocadas apenas baseadas nos fatos e na lógica. Elas também se apóiam em agrupamentos de crenças, em tradições, pressuposições, axiomas, teorias, valores compartilhados, valores epistêmicos, pressuposições metafísicas assumidas, padrões de pesquisa e resultados de pesquisa exemplar que proveem um arcabouço para o avanço científico dentro de todo um campo de pesquisa.

A matemática, que não foge do padrão de desenvolvimento a partir de matrizes disciplinares, ao contrário foi uma das ciências que mais se desenvolveu devido ao uso delas, sempre avança na frente de todas as ciências e depois serve de suporte a elas. Ela conseguiu conviver bem com seus problemas não resolvidos a curto prazo e que ficaram no meio do caminho e foram resolvidos depois e com outros que ainda estão para serem resolvidos, como a Hipótese do Contínuo de Georg Cantor.

























Para que mexer com meus instintos matemáticos?

Só para ilustrar.

Algum tempo antes de Einstein escrever sobre sua teoria da relatividade (1905), um matemático por nome Georg Riemann elaborou o arcabouço teórico de uma geometria não-euclideana (1858), ou seja, uma geometria resultante da substituição do quinto postulado de Euclides ("Por um ponto exterior a uma reta passa uma única reta paralela a esta reta dada.") por um alomorfe. Ele o substituiu pelo seguinte postulado: "Por um ponto fora de uma reta não passa reta alguma paralela a esta reta dada". Hoje esta é conhecida como Geometria Riemanniana, que na época de sua elaboração somente fascinou a Gauss e outros matemáticos de seu nível. Gauss foi o avaliador da tese de pós-doutorado de Riemann na qual ele definiu seu conceito mais abrangente de geometria, para qualificá-lo como professor numa universidade alemã.

Essa geometria riemanniana, tipo non-sense na época, aliada aos outros desenvolvimentos em matemática pura, foi um dos elementos fundamentais para a construção do espaço ideal que serviria de arcabouço teórico para o desenvolvimento da teoria da relatividade, principalmente na transição da relatividade especial para a geral, apesar de seu grau ultraelevado de abstração. O experimento, principalmente no ramo da atualmente chamada física-matemática, geralmente não precede ou se torna condição sine qua non para seu desenvolvimento, como ocorre na matemática pura. Na maioria das vezes, não tem sido o experimento que tem dado suporte ao desenvolvimento das ciências, mas as matrizes disciplinares estão em todos os casos.

Portanto, preste bem atenção às descrições fenomenológicas das Escrituras e não as procure entender anacronicamente levando o produto de nossa visão de mecânica clássica, de teoria especial da relatividade, de astrofísica ou de mecânica quântica, pois nada disso passava pela cabeça dos escritores bíblicos. Nunca se esqueça que eles eram homens de seu tempo!

Friday, February 25, 2011

As Lentes do Tradutor e do Exegeta

Foi publicado na Revista Fides Reformata, de dezembro de 2007, XII, No. 2, do Instituto Presbiteriano Mackenzie, Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper, CPAJ, o artigo do moderador da comunidadeHebraico, Aramaico e Grego do Orkut (http://www.orkut.com/Main#Community?cmm=22423035), Prof. Fabiano Antonio Ferreira, intitulado: "AS LENTES DO TRADUTOR E DO EXEGETA: UM ENSAIO EM METODOLOGIA EXEGÉTICA APLICADA AO ANTIGO TESTAMENTO COM ESTUDO DE CASO EM JEREMIAS 1.11, 12".

Foi uma grande conquista e está disponível para os leitores em PDF no próprio site do CPAJ, no menu da Revista Fides Reformata, uma das mais respeitadas publicações teológicas do Brasil. Devido ao problema com as fontes, eu consegui embuti-las como imagens e refiz o PDF que agora está sendo disponibilizado.

Agradeço ao meu professor e amigo, Chanceler da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Rev. Dr. Augustus Nicodemus Lopes, pelo convite para escrever esse artigo acadêmico.




RESUMO:



As traduções da Bíblia, apesar de todo o esforço empreendido pelos tradutores, nem sempre conseguem espelhar todos os traços intralinguísticos dos textos em suas línguas originais. Muitas vezes as peculiaridades dos planos fonético, morfológico, sintático, semântico ou estilístico ficam latentes na língua original, sem sequer serem tocados pelos tradutores e exibidos na tradução. Quando bem feita, a tradução desencadeia operações idênticas às realizadas na produção do texto original, sendo assim um processo de retextualização ou nova produção do mesmo texto na língua receptora da tradução. Contudo, nem sempre o tradutor consegue um nível perfeito de intertextualidade entre seu texto traduzido e o texto original, por conta das peculiaridades da língua original e da língua receptora da tradução. Portanto, é exatamente neste ponto que o conhecimento das línguas originais se torna importante para a tarefa da interpretação, constituindo um meio mais rápido para o resgate da intenção do autor original. Neste artigo, pretendemos demonstrar através de nosso estudo de caso, o texto de Jr 1.11-12, que o conhecimento da língua original do texto pode ser o meio mais rápido para a apreensão do sentido tecionado pelo autor sagrado. Veremos também que, na grande maioria dos casos em que a chamada do texto é intralinguística, prescindir do conhecimento da língua original pode dificultar a exegese e nos deixar aquém do sentido do texto e em busca de interpretações menos óbvias.

PALAVRAS-CHAVE
Tradução; Tradutor; Retextualização; Interpretação; Hermenêutica; Exegese; Línguas originais; Paronomásia; Intraduzibilidade.



ABSTRACT:


Despite all the effort made by translators, the translations of the Bible not always are able to reflect all of the intralinguistic features of the texts in their original languages. Many times the peculiarities of the phonetic, morphologic, syntactic, semantic, or stylistic realms stay latent in the original language, without being touched by the translators and reflected in the translation. When appropriately made, the translation unchains operations identical to those accomplished in the production of the original text, thus being correctly called a retextualization process or new production of the same text in the receiving language of the translation. However, not always the translator achieves a perfect level of intertextuality between the translated and the original text. This fact is due to the peculiarities of the original language and of the receiving language of the translation. Therefore, it is exactly at this point that the knowledge of the original languages is important for the task of interpretation, representing a better way for rescuing the intention of the original author. In this article, the author intends to demonstrate through a case study of Jeremiah 1.11-12 that the knowledge of the original language of the text can be the fastest way for the apprehension of the sense intended by the sacred author. He also wants to demonstrate that, in the great majority of the cases in which the calling of the text is intralinguistic, the lack of knowledge of the original language can hinder the exegesis and leave us far from the sense of the text, searching less obvious interpretations.

KEYWORDS
Translation; Translator; Retextualization; Interpretation; Hermeneutics; Exegesis; Original languages; Paronomasia; Untranslatability.

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Faça correndo o download gratuito e leia no seu Adobe Reader. Parece que o tema e as fontes usadas nos textos hebraicos e aramaicos deram uma "cãibra mental" até no leitor de PDF do Scribd.

Aproveite enquanto é de graça e leia um dos capítulos de minha tese de doutorado que tinha tinha sido publicado em forma de artigo na mais conceituada revista teológica do Brasil, a Fides Reformata. Só tem artigo publicado lá quem realmente tem algo relevante a dizer na área de estudos bíblicos e sabe como dizer.
Aproveite!

Prof. Fabiano Ferreira

Thursday, February 24, 2011

Pericórese e Axioma de Rahner: Uma Introdução

Esta postagem visa a apenas introduzir o leitor a parte do que foi tema de minha dissertação de mestrado intitulada "A Análise de uma Impregnação Mútua entre a Teologia e a Matemática: Uma Revisitação da Doutrina da Santíssima Trindade à Luz do Conceito de Infinito de Georg Cantor". De fato, aqui está apenas um trechinho sintético para informar ao leitor de que falei extensivamente em minha dissertação, que está sendo preparada para publicação no Scribd.


Enquanto isto, dê uma breve olhada no assunto que, segundo eu descobri, jamais foi tratado por esta perspectiva em toda a História da Igreja Cristã, até porque os resultados de Georg Cantor datam do século 19 e os de Karl Rahner, do século passado (20).


Vale a pena conferir o assunto, apesar de sua declarada complexidade. Todavia, como a doutrina da Trindade é a espinha dorsal de toda a Bíblia, tornando-se a abordagem metodológica trinitária o arcabouço a partir do qual se deve construir um sistema unificado de teologia bíblica do AT e do NT, uma espécie de Mitte, e haja visto que este tema aufere muito mais lucidez a partir de sua explicitação no NT e ao longo da história da doutrina cristã, justifica-se minha abordagem. A elaboração de minha nova matriz disciplinar, na mesma linha do que acontece com o desenvolvimento científico, constrói uma nova analogia para reavaliarmos esse tema tão antigo e tão complexo, mas que será visto por uma nova perspectiva que acredito veio para ficar nos estudos bíblicos e teológicos.


Prof. Fabiano Ferreira